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Batalha de gigantes: King Kong vs Donkey Kong

Antes de seu arqui-inimigo King K. Rool, Donkey Kong, um dos ícones e mascotes da Nintendo nos vídeo-games, teve que enfrentar um outro adversário de peso: King Kong. Isso mesmo! Os dois gorilas estiveram frente a frente em uma batalha judicial bastante interessante.

 “King Kong” é um clássico filme de 1933 que conta a história de um macaco gigante que é capturado em uma ilha e levado para Nova York. Em um dos momentos mais icônicos da película (e da história do cinema), Kong escapa e captura uma mulher que fazia parte da expedição. Ele sobe para o Empire State com ela em mãos. Temos então uma grande aventura de resgate.
“Donkey Kong”, por sua vez, é um jogo eletrônico desenvolvido pela Nintendo e lançado em 1981. No enredo, um gorila foge e rapta Pauline, levando-a para o topo de uma construção. Cabe agora ao carpinteiro Jumpman resgatá-la.

A briga começa começa em 1982, quando a Universal Studios – interessada em entrar no mercado de games – começa a pressionar alguns agentes do setor, inclusive a própria Nintendo, argumentando que o jogo representaria uma utilização não autorizada da marca, personagem e outros elementos relacionados ao filme. Após tratativas mal sucedidas, o caso acabou indo parar na corte americana no mesmo ano.

Curiosamente, a Universal já havia participado de outro processo judicial sobre o mesmo personagem que acabou ajudando a decidir os rumos do caso. O criador de King Kong, Merian C. Cooper, havia licenciado o personagem para a RKO produzir o primeiro filme (aquele de 1933) e uma sequência. Porém, o estúdio acabou indo além e passou a desenvolver outras obras e a licenciar o personagem para outros usos. O ápice das dúvidas jurídica sobre os direitos autorais envolvendo Kong se deu em 1975, quando a Universal negociava uma refilmagem com a RKO. O caso acabou indo parar nos tribunais. Na ocasião, o Judiciário esclareceu que os direitos de adaptação estavam em domínio público – por uma questão específica de renovação dos direitos prevista na lei americana. Porém, os elementos originais de Kong pertenciam à família de Cooper, enquanto os direitos sobre o filme permaneciam com a RKO. Alguém tempo depois, os direitos sobre o personagem foram finalmente comprados pela Universal.

O juiz acabou sendo favorável à Nintendo, reconhecendo que a Universal não poderia impedir adaptações e que, a rigor, não era possível confundir os dois personagens. O estúdio de cinema apresentou recurso baseado em uma pesquisa de opinião que tentava demonstrar o potencial engano do público. No entanto, o Tribunal acabou julgando o recurso igualmente improcedente, considerando que: as duas criações não tinham nada em comum, a não ser um gorila, uma jovem sequestrada, um homem para resgatá-la e um cenário; a expressão “kong” era usualmente utilizada para designar gorilas, em diversas situações; e que a pesquisa, na verdade, demonstrava não haver qualquer ligação entre as duas franquias.

Por fim, vale mencionar uma última nota bastante curiosa: John Kirby, advogado que defendeu a Nintendo, acabou dando o nome a outro personagem bastante icônico da gigante japonesa. Você conhece?

 

Photo by Kelly Sikkema on Unsplash

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