Problemas sociais existem em todas as economias. No entanto, nas nações pobres e emergentes tais problemas se tornam mais evidentes.
Segundo a ONU, o Brasil é o oitavo país com o maior índice de desigualdade social e econômica do mundo, o que provoca consequências negativas como, por exemplo, a violência, criminalidade, desemprego, educação precária, falta de acesso a serviços públicos de qualidade, dentre outros…
Em contrapartida, dentre diversas garantias Constitucionais que nos assegura o pleno exercício da cidadania, podemos destacar:
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
“Artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção, de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”
Porém, tais dispositivos não são apenas programas constitucionais abstratos (ou meras intenções). Demandam pois uma ação concreta do Estado e sociedade para solucionar problemas na vida dos brasileiros.
Segundo resultado da Pesquisa Ibope, os principais problemas apontados pelos brasileiros no país em 2016, são:
*A soma dos percentuais pode ser diferente de 100% pois os entrevistados podiam citar 2principais problemas
Ao invés de depender e/ou reclamar de políticas públicas ara solucionar os problemas sociais, algumas empresas e investidores têm dedicado atenção às demandas que geram resultados sociais e/ou ambientais mensuráveis, que impactam nosso dia-a-dia. Não se trata apenas de filantropia, mas de ações com impactos financeiros positivos.
Segundo Pesquisa transcrita abaixo, intitulada “Mapa do Setor de investimentos de impacto no Brasil” realizada pelo INSPER, ANDE, LGTIV, produzida por Aspen Network of Development Entrepreneurs Latin American Private Equity & Venture Capital Association e LGT Impact Ventures, o setor de “investimentos de impacto” tem demonstrado grande crescimento no Brasil durante a última década.
Em 2009, haviam sete investidores ativos. Esse número aumentou para 22, ao final de 2013, e 29, em 2016.
O mercado brasileiro de investimentos de impacto cresceu nos últimos dois anos, mas a uma taxa menor do que a esperada pelos investidores. Diversos fatores podem ter sido responsáveis por isso, incluindo a atual crise político-econômica, altas taxas de juros e a ausência de um histórico de sucesso de ações do setor.
A expectativa de retorno do investimento permanece relativamente alta no Brasil. Em 2014, 53% dos investidores declaram metas de retorno do investimento de 16% ou mais.
O instrumento financeiro usado com mais frequência é equity (67%), seguido de dívida (52%), obrigações conversíveis (41%) e outras formas de investimentos (22%).
Os principais setores para investimentos de impacto no Brasil são: saúde, educação e inclusão financeira.
Dentre os entrevistados em 2016, 89% disseram mensurar o impacto ambiental e social, apesar de muitos ainda enfrentarem desafios para encontraram métodos de avaliação adequados. Isso indica um aumento da preocupação com a mensuração de impactos, em comparação com 75% que declararam dificuldades na medição do impacto em 2014.
“Até 2020 o segmento poderá atrair cerca de 50 bilhões em investimentos, conforme estudo realizado pela Deloitte, pois há no Brasil uma curva crescente de Investidores, Family offices que querem gerar impacto social em seus Investimentos”.
A capacidade de mensurar e avaliar impacto é um pré-requisito fundamental para o ganho de escala do mercado de investimentos de impacto no Brasil, assim como acontece em mercados internacionais. 89% dos investidores de impacto no Brasil dizem medir seu impacto social e ambiental.
Alguns avanços ocorreram entre 2014 e 2016 na qualidade dos empreendedores e na disponibilidade de talentos, mas muitos investidores ainda destacam a qualidade dos empreendedores e dos negócios como um desafio para a expansão do setor.
Muitos argumentam que universidades deveriam oferecer mais oportunidades de treinamento na área de empreendedorismo. Ademais, muitos atores apontam a necessidade de mais capital semente e de risco, de modo que ideias promissoras possam se transformar em possíveis oportunidades de investimento. Eles reconhecem a importância da presença de mais investidores anjo que possam começar a fazer investimentos de impacto no Brasil e assim oferecer capital semente, que é altamente necessário, mas escasso.
Até o momento, os investidores de impacto no Brasil sempre dependeram de mecanismos semelhantes àqueles usados por empresas tradicionais de Venture Capital e Private Equity. Esses gestores acreditam que inovações como mecanismos de retorno baseados no impacto (obrigações de impacto social, por exemplo) podem ter um grande impacto nessa área e ampliar o uso de abordagens de investimento mais inovadoras.
Para saber mais sobre Investimentos de Impacto, assista ao vídeo “Turn your money into real change” na página do Social Impact Investment.
Foto por Anders Jildén. Em Unsplash.